Lar Policia Leal a Trump, arquiteto das tarifas é guru contra China e foi preso por desacato ao Congresso

Leal a Trump, arquiteto das tarifas é guru contra China e foi preso por desacato ao Congresso

por admin
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Chamado de “idiota” e “mais burro do que um saco de tijolos” pelo bilionário Elon Musk, Peter Navarro, 75, um dos mentores da estratégia tarifária de Donald Trump, é considerado um dos aliados mais leais ao presidente americano.

Conselheiro do republicano para Comércio e Manufatura na Casa Branca, Navarro escreveu livros críticos à China, tem doutorado em economia pela Universidade Harvard e atuou em função similar durante o primeiro mandato do presidente. A passagem do republicano pela Presidência, de 2017 a 2021, foi marcada pela troca de diversos assessores do governo. Navarro, porém, manteve-se firme no seu cargo do início ao fim.

Nesta semana, Navarro criticou Elon Musk por se opor a tarifas de importação, dizendo que o empresário seria apenas um “montador de carros”, por depender de peças estrangeiras. Musk rebateu no X, xingando o conselheiro e afirmando que a Tesla é a montadora com maior índice de produção nos EUA.

Como agora, alvo críticas de republicanos e assessores de Trump no governo e ataques públicos, Navarro também esteve no centro de embates no primeiro mandato.

O ano era 2018 e o mês, maio. Naquele momento, Trump havia anunciado que iria impor tarifas a uma grande gama de produtos da China. Navarro queria que o republicano seguisse em frente, enquanto Steve Mnuchin, secretário de Comércio, pedia cautela na estratégia.

As desavenças entre os dois assessores ficaram mais do que evidentes durante uma viagem da delegação americana à China, na qual Mnuchin se encontraria com o seu homólogo chinês. Navarro considerou a atitude errada, por estar sendo excluído das conversas. Segundo vários jornais reportaram à época, xingou o secretário do Comércio de então e gritou com ele. Depois, os dois ainda brigaram diversas vezes, de acordo com relatos da imprensa.

Segundo o Wall Street Journal, assessores tentavam impedir que Navarro entrasse no Salão Oval para algumas reuniões. Trump, por sua vez, por vezes perguntava pelo aliado, referindo-se a ele como “Meu Peter”.

Agora, democratas dizem que Navarro é o arquiteto das tarifas, e mesmo republicanos questionam suas decisões. À Fox News o senador republicano Ted Cruz (Texas) teceu críticas à política, embora não tenha citado o nome de Navarro.

“Há vozes no governo que, em vez de fazer um acordo, estão dizendo: ‘Queremos ter tarifas como uma característica permanente de longo prazo da economia.’ Acho que isso seria um erro”, disse Ted Cruz.

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Em artigo publicado no jornal Financial Times, na terça (8), o próprio Navarro reafirmou o que Trump vinha dizendo: que as tarifas recíprocas não eram negociáveis. “Isso não é uma negociação. Para os EUA, é uma emergência nacional desencadeada por déficits comerciais causados por um sistema manipulado”, escreveu Navarro.

Até ali, Trump afirmava que não pausaria as tarifas. Daí a surpresa causada com a decisão desta quarta, quando o presidente suspendeu por 90 dias as tarifas mais elevadas e colocou a alíquota-base de 10% em seu lugar e mirou exclusivamente na China.

Segundo reportagem do The New York Times, a decisão foi tomada numa reunião com Howard Lutnick, o secretário de Comércio, e Scott Bessent, o chefe do Tesouro, na manhã de quarta, após alertas sobre possíveis danos à economia americana, além de uma recessão. De acordo com o jornal americano, o arquiteto das tarifas não estava na conversa.

O papel do economista é tão central nessa discussão que, de acordo com jornais americanos, o presidente escolheu usar o cálculo elaborado por ele em vez de uma outra fórmula feita pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos.

O cálculo para chegar à tarifa recíproca levou em conta o déficit comercial registrado pelos EUA com o país e o valor exportado por esse país para o mercado americano, em um cálculo considerado bizarro por especialistas.

Ainda assim, segundo aliados relatam em reportagens, Trump é leal de volta a Navarro. Em 2020, Navarro, mais do que vocalizar, ajudou a pensar uma estratégia que levasse a cabo as desconfianças que Trump lançava sobre as eleições daquele ano, em que ele saiu derrotado para Joe Biden.

Com Stephen Bannon, naquela época estrategista de Trump, ele elaborou um plano para tentar atrasar a certificação das eleições, em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do presidente invadiram o Capitólio e o depredaram. Navarro se recusou a testemunhar ao Congresso depois de ser intimado a depor na comissão que investigava o ataque e foi condenado no ano passado por desacato a quatro meses de prisão, os quais ele cumpriu.

Ao indicar Navarro para ser novamente seu conselheiro, Trump destoou das outras escolhas que fez para sua equipe econômica, e elogiou o aliado nas redes. “[Navarro] foi tratado horrivelmente pelo Deep State, ou como quer que você queira chamar”, disse.

Afirmou ainda que o assessor é defensor de “minhas duas regras sagradas, Compre Americano, Contrate Americano”.

Howard Lutnick, o secretário de Comércio, e Bessent, o chefe do Tesouro, têm passagens pelo mercado de ações e foram vistos como sinais de uma certa moderação do presidente na economia.

A nomeação de Navarro para ocupar um cargo no mesmo local de onde despacha, por sua vez, deixou claro que Trump mantinha a sua figura de defensor de tarifas, como parte de uma política protecionista, e seguiria um crítico à China.

Navarro é autor de dois livros sobre o país, “The Coming China Wars” (As Próximas Guerras da China) e “Death By China” (Morte pela China). Trump já disse que este último é um dos seus livros favoritos na vida.

Antes de aconselhar o presidente americano desde a campanha presidencial de 2015, Navarro tem um passado de oposição ao partido Republicano. Em 1996, Navarro concorreu a prefeito de San Diego pelo Partido Democrata, mas perdeu a eleição.

Nascido em Massachusetts, Navarro deu aulas de Negócios na Universidade da Califórnia antes de virar assessor na Casa Branca. Em 2019, jornais relataram que seus livros traziam referência a um economista de Harvard, chamado Ron Vara, que, na verdade, não existia.

A descoberta foi feita por uma professora da Austrália. Questionado, Navarro afirmou que se tratava de um pseudônimo e um capricho de escrita. “É um pseudônimo… para opinião e valor puramente de entretenimento, não como uma fonte de fato”, disse ele na época.

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