Na capela da residência de Santa Marta, no centro do Vaticano, uma freira reza em lágrimas diante do corpo sem vida do papa Francisco, que jaz em um caixão com um rosário entre as mãos. Após sua eleição em 2013, o pontífice que veio “do fim do mundo” escolheu viver nesta austera residência eclesiástica, em vez de se isolar no solene Palácio Apostólico, até sua morte na segunda-feira, aos 88 anos.
Dignitários e funcionários da Cidade do Vaticano foram os primeiros a se despedir nesta terça-feira (22) de seu chefe de Estado por 12 anos, vestido com uma casula vermelha e mitra branca. Mas antes de entrar na capela sóbria que abriga o caixão, escoltados por dois guardas suíços, eles devem aguardar em um saguão com portas de madeira e piso de mármore. O silêncio reina, quebrado por baixos sussurros.
Freiras, leigos, bispos, altos funcionários da cúria – o governo do Vaticano – e outros funcionários, de jardineiros a bombeiros e equipe médica, honram o “Santo Padre” de 1,4 bilhão de católicos. O acesso, inicialmente fechado para a imprensa e o público, é feito em pequenos grupos. Alguns rezam em silêncio, outros choram, mas cada um faz o sinal da cruz com a cabeça baixa, seja em pé, de joelhos ou sentados em um banco.
Com seu estilo humilde, Jorge Mario Bergoglio almoçava diariamente em um refeitório da residência com os funcionários e visitantes, que sempre cumprimentava. Em 2020, em meio à pandemia de covid-19, a transmissão da missa celebrada pelo jesuíta argentino nessa mesma capela serviu de ponte para os fiéis confinados em todo o planeta.
Na manhã de segunda-feira (21), o 266º papa e o primeiro pontífice latino-americano deu o seu último suspiro em sua residência de 70 metros quadrados localizada no segundo andar do edifício, após um AVC. Todos os fiéis poderão dar seu último adeus a partir de quarta-feira, durante três dias, em um ambiente mais solene: a basílica de São Pedro. O funeral será realizado no sábado (26), com a presença de chefes de Estado e monarcas.
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