No PT, ninguém quer discutir a herança com o pai vivo, com medo de desagradar. Todo mundo tem esperança de ser o sucessor de Lula, ou, então, é uma questão de autopreservação, de não deixar ninguém se sobressair. Agora, Lula deveria anunciar logo se será o candidato na próxima eleição. A decisão final será dele, assim como deve ser sobre a exploração de petróleo na margem equatorial.
‘Decisão de explorar ou não petróleo na margem equatorial deveria ser de Lula’
Para Prates, a Petrobras está “fazendo sua parte” ao insistir na exploração de um ponto na costa do Amapá. O licenciamento ambiental de um bloco específico, próximo à foz do rio Amazonas, se arrasta há anos e deve ter uma decisão ainda neste mês, já que o aluguel da sonda perfuradora vence no segundo semestre.
Há três possíveis saídas: a permissão, em que o governo dirá que há interesse do Estado brasileiro em saber se existe petróleo naquela área; a recusa daquele ponto específico; o que significa que vai ser sempre essa luta para cada um dos locais do bloco. Ou a apresentação de estudos para tornar aquela uma área de exclusão total [de exploração de petróleo].
Essa discussão sobre um poço específico, que era técnica, se tornou política diante da aproximação da COP [30, que acontece em Belém em novembro deste ano], e do compromisso com a transição energética, de maneira que agora é necessária uma posição do Estado brasileiro, e, portanto, de Lula como porta-voz desse Estado. Só ele pode resolver esse debate.
Não acredito que Lula, de fato, ache que o Ibama está de lenga-lenga. Isso deve ter sido alguém que soprou no ouvido dele. Ele está cercado por oportunistas. A luta histórica dele [Lula] é ao lado dos servidores públicos, mas alguém deve ter soprado no ouvido e feito a cabeça dele. Como foi comigo.